Hoje vou falar do arcano XII do
Tarô: O Pendurado. Este arcano do tarô mostra-nos uma vivência um tanto comum a
nós seres humanos, porém uma das mais difíceis, senão a mais difícil de nossas
passagens: a tarefa da entrega a Deus durante os conflitos; a prova de nossa
fé! Podemos vivenciar este arquétipo por dias, meses, e, na maioria dos casos, este
arquétipo dura anos para passar e ainda podemos vivenciá-lo mais vezes numa
vida do que gostaríamos... Nosso dever é aprender a superá-lo, pois evitá-lo
não podemos.
Muitas vezes atravessamos
problemas em nossas vidas que nos faz perder os sentidos de visão, direção, que
nos abala a fé em nós próprios, nos outros, até mesmo em Deus... Ficamos absolutamente sem
saber o que fazer, pelo que optar, e neste momento quase sempre não sabemos nem
mesmo o que sentimos. Qualquer atitude que tomamos parece, na melhor das
hipóteses, não apresentar resultado algum. Reconhecemos que é a hora de parar e
esperar o tempo passar para somente depois tomarmos alguma atitude.
Pela descrição do arcano XII que
temos mais abaixo, percebemos que o homem em questão ao fazer suas escolhas
durante a vida, repentinamente, algo que não foi previsto saiu, aparentemente,
errado.
Se pudéssemos prever todos os
nossos passos, realizar todas as nossas necessidades e nossos desejos e ainda
impedir que qualquer coisa saísse errado
não estaríamos vivos no Planeta Terra, não teríamos nascido num planeta de
provas e expiações e tampouco viveríamos este momento de transição para a
regeneração! É assim mesmo a vida, e são nas dificuldades como a que esta carta
nos ilustra que nos fortalecemos e evoluímos, aprendemos as lições da vida e
superamos os nossos limites, vencemos o karma e nos aproximamos da luz.
Há situações críticas que
vivenciamos que são chamadas vivências kármicas, passagens que estavam
pré-determinadas em nosso caminho antes de nosso nascimento, passagens que, por
piores que sejam, vêm nos ensinar alguma preciosa lição.
A mensagem mais importante nesta
carta é exercitar a perseverança, é seguir a vida com fé e paciência, esforço
pessoal que assim que o sol brilhar mais forte, o gelo que nos congela irá
derreter, devemos entregar nossas ansiedades a Deus, a nossos mentores, que
alguém vai surgir para nos ajudar a nos virar de cabeça pra cima, vamos
conseguir nos desatar das amarras e nossa energia vai voltar, pois a chave da
vida estará novamente voltada para o universo, para o lugar de onde obtemos a
intuição, a clareza e a força vital.
É importante reconhecer o momento
que passamos! É importante procurar ajuda espiritual, terapêutica nos momentos
de conflito! É preciso alimentar a fé e a energia pessoal para a hora da virada, pois quando voltarmos
a direção natural, teremos bastante o que fazer: teremos que colocar a casa em
ordem, teremos que transformar o nosso Eu em função dos aprendizados que
acabamos de obter, teremos de tomar decisões e transformar a nossa vida, abrir
mão do velho, de posturas arraigadas, de tudo aquilo que já não nos serve mais,
para assim podermos continuar no trilho da vida rumo a evolução!
O arcano XII no Tarô de Crowley
Na imagem, um homem careca que
não expressa emoções em seu rosto está de cabeça para baixo preso por um de
seus pés ao alto, na cruz ankh invertida, o outro é preso cruzado, e, como suas
mãos, preso por pregos. Abaixo de sua cabeça temos uma cobra morta. O fundo azul
por detrás do homem é gelo. Lá fora o sol é fraco, porém promete derreter o
gelo.
Esta carta representa o arquétipo
daquele que está em um grande conflito e não enxerga uma saída (a ausência de
cabelos representa a ausência de intuição, de visão espiritual; o homem está
totalmente atado e seu mundo congelado). Sente-se fraco, sem energia (a cobra
morta representa a energia da kundalini que agora está fora do homem). Parece
que o tempo não passa (o tempo parece congelado, e seu descongelamento depende do
sol de cada dia, a solução dos problemas não depende do homem!). Contudo, os
pregos que prendem as mãos e um dos pés representam o sacrifício, assim como
estar preso de cabeça para baixo: o ser sofre em função de um sacrifício, ele
cometeu um erro em prol de uma causa maior, agora sofre. Estar preso pelo pé
esquerdo denuncia: o homem chegou a este ponto inconscientemente (não pensou
porque não poderia ter pensado!) e,
agora está com a chave da vida invertida, a cruz ankh desviada de sua direção –
universo.
A mitologia grega explica este
arquétipo pela lenda de Prometeu, aquele que roubou a Luz do Monte Olimpo para
acender a Luz na Terra, ao ser descoberto, foi julgado e condenado a cerca de
100 anos de sofrimento, preso pelos pés, uma ave lhe bicaria o fígado todos os
dias, porém todas as noites o seu corpo iria regenerar o órgão o que lhe
impediria a libertação através da morte. Veja: um homem cometeu um erro em prol
de uma causa maior, mas a cada ação há uma reação do universo.
Logo, este arquétipo indica principalmente
sofrimento, impotência diante das dores, sacrifícios em prol de algo maior que resultarão
em dor, a necessidade de entrega total ao Plano Divino como prova de fé.
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